Physics of Gridlock - Pain of Salvation

domingo, 11 de setembro de 2011

Fugata Bravatta

Escutei a glória divina
do teu respirar descompassado,
como um grito fechado
há eras sem conta
num peito saudoso
de arquejar,
de se esquecer,
de respirar.
Mais um passo,
difícil, forte, de morte
de teatro,
e tudo estaria acabado.
O meu corpo deixaria o teu,
o teu resistir-me-ia,
o vazio chegaria ao céu,
o violino choraria.
Mas não aconteceu,
ainda não.
Ainda tenho a tua mão,
ainda te posso levar,
os teus olhos conspiram fugas
por consumar,
e eu respirei-te a pele
em tantos passos mudos,
que os não consigo contar.
E em todos eles,
te sonhei tomar.
É contratempo,
é o fim,
é o acorde final do desconcerto.
Terminamos de respirar ofegante
entregue um ao outro,
com os teus lábios
a clamar desejo,
e eu morto por roubar um beijo,
que me pertence mais que a ninguém.

Mas estamos sós, e acabou a música. Mas não o tango.

"Primavera Porteña" , Piazzolla Seasons, Gidon Kremer & Kremerata Baltica (original Astor Piazzolla)