Physics of Gridlock - Pain of Salvation

sábado, 10 de janeiro de 2009

Salmo

Encho a boca de preces vazias,
pedidos perdidos no gélido esquecimento
do calor dos dias.
Estórias contadas a fio,
arrepios de estio,
sonhos de frio
aprumado,embaladas
em rezas ao infinito
do céu.

Perco a vontade de saborear os céus,
concretos incertos,destinos desertos
dos servos teus.
Visões da mármore branca,
longe da verdade franca
que na vida tranca
o ser,enredado
em mentiras sem fundo
nem véu.

Agarro-me á certeza dos olhos meus,
sons fortuitos no ruído eterno,
no amor do fardo nas mãos de Deus.
Secas torrentes de paz,
reflexo do que faz
a fé no fado,murmurado
em segundos sem fim
nem princípio.

"The space for this" , Traced in Air, Cynic

4 comentários:

Ana Jones disse...

com este frio, para além de preces sem sumo, não te apetece bolinhos quentes e uma caneca de café em frente da lareira?
a vida sabe bem melhor quando temos a companhia quente de uma chama que nos ilumina na escuridão... mesmo que por breves instantes...

Susana disse...

Tão amargo e melancólico, amor...

Laura disse...

Um belo salmo, quase um fado... uma alma entre o estio e o frio, entre o céu e o deserto, entre a verdade do ser e a mentira do não-ser.
Gostei muito.

Porque é preciso blogar... aqui repito o comentário que já fiz noutro sítio.

Daniel disse...

Começo a pensar que sim.Pensei algo semelhante ao ver o teu.Só ainda não levei a cabo a acção.(sim,escrevo deliberadamente com ortografia anterior ao acordo ortográfico)